A psicoterapia é principal tratamento

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Na segunda metade do século XX, com o progresso das tecnologias, neurociência e farmacologia, trouxe novos paradigmas sobre a abordagem ao sofrimento mental grave.

Nessa época transtornos como Esquizofrenias, Transtornos Afetivos Bipolares, Paranoias, Autismo, entre outros, lotavam cada vez mais os manicômios.

Antes do século XX, ainda se teve tratamentos mais agressivos e desumanos. No início do século XX duas direções de tratamento ganharam muita notoriedade.

A revolução freudiana

Uma é a revoluçâo freudiana, em que Freud em sua descoberta vai nos levar na tentativa de compreensão do "aparelho psíquico". E daqui nasce a teoria psicanalítica como instrumento diagnóstico e terapeutico.

Mesmo assim, se viu que não funcionava para estrutura subjetiva "psicose" como funcionava para as "neuroses".

As psicoses: Transtornos como Esquizofrenias, Transtornos Afetivos Bipolares, Paranoias, Esquizoafetivo, mais graves, continuavam a romper seus laços sociais e consequentimente encaminhados para instituição de longas permanências, conhecidas como manicômios.

O reducionismo científico

O português Antonio Egas Moniz trouxe um método revolucionário, que lhe rendeu o nobel da medicina, a Lobotomia/Leucotomia. Procedimentos simples, via transorbitária, que rompia conexões cerebrais.

De fato muitos pacientes deixavam de ficar agressivos, porém estudos clínicos mostraram que era trocar um problema por outros. Perda autonomia, controle esfincters, alogia, hipersexualismo, declinio cognitivo, entre muitos outros efeitos iatrogênicos.

Logo essa leitura estrita a biologia cerebral caiu de mão, e foi abandonada. Hoje é proscrita e serviu de aprendizado do quão longe se pode ir, na melhor das intenções, com prerrogativas científicas.

Farmacologia das promessas à realidade

É inegável o avanço e eficácia dos psicotrópicos. Hoje dispomos de diferentes classes e opções.

Porém há uma perversão comercial no modo que se tem sido utilizada, com fundamentos que relembram o reducionismo biológico que se ergueu a lobotomia.

Pharmacon vem do grego, com significado de medicação e veneno ao mesmo tempo.

É de chamar atenção para a clientela que mais se beneficia dos efeitos terapeuticos dessa medicação, as psicoses.

As neuroses se beneficiam pontualmente. A grande demanda é a partir da descoberta freudiana, a psicoterapia. Ao mesmo tempo, por motivos vários é a população que mais se apega e nao compreende que a psicoterapia - que é um processo lento - é o principal tratamento.

Nesses casos medicação sem psicoterapia é um paliativo.

O que de fato é terapeutico?

De um modo muito reducionista.

  • medicação controla sintomas mais proeminentes
  • psicoterapia - nas neuroses - implica o sujeito na tomada do desconhecido de si, a se dividir, colocar-se em questão, ao reconhecimento do desejo, abrindo à sua adequação a realidade vivida e responsabilização da própria pessoa pela mudança.

O que de fato ė terapeutico?

  • o vínculo com profissional de saúde
  • o cuidado com corpo, com a alimentação, atividade física, o sono.
  • a arte, a expressão subjetiva através da arte. Arte em um amplo sentido. Esse sim é o caminho mais difícil, porém mais restruturante, principalmente para as psicoses. Essa foi e é a contribuição da Nise da Silveira para a ciência mundial.

É importante entender que a farmacologia é um pequeno ponto, dentre muitos outros. Faz parte. Porém muitas vezes se tem uma crença, reducionista, que a medicação faz milagre. Longe disso, deve-se ser utilizado com muito critério.

E estar sempre relembrando, que enquanto formos pessoas, a palavra é o elemento nuclear da clínica em saúde mental. Que o tratamento é personalizado. E que mesmo que a medicação seja indicada e muitas vezes ajude, a psicoterapia é o principal tratamento.



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