The ongoing process of dietary reeducation // O processo contínuo da reeducação alimentar

Did overweight start when my parents separated? I like to think so, at least it's a more plausible explanation. I remember that at the same time my anxiety got worse, because along with the idea of ​​moving house, came the thing of sleeping alone in a room of my own (which was a nice big, spacious room), and sleeping alone in a a strange new home for a child is not an easy thing. In addition to difficulties at school, in social relations and all that shit that I've reported in previous posts. I think it was around this time that I somehow started to make up for all the anxiety and reality shift with a binge eating. Not just a compulsion, but a financial hardship for my mom and me that resulted in cheap, low-quality food for weeks and months, until she stabilized a little and could afford some more careful meals. She worked in a bakery at that time and was always an expert baker, maybe she didn't think it was fair to deny my compulsive cravings for sweets as she worked with it all the time and I asked that at least at the end of her 12-hour shifts, bring me a candy to fill my need and affliction, and then it became a daily habit for me to wallow in sweets and chocolates, lemon tarts, and all sorts of nonsense that bombards the body with glucose and makes your pancreas work like crazy producing insulin to exhaustion.

Source

Soon I was an overweight pre-teen, with gynecomastia (probably potentiated by a corrupt diet) and the lack of a good health professional who in any of my routine viruses and flu (the result of a junk immunity) noticed that I was probably with a hormonal decompensation and should have fixed that while there was still time. And in the blink of an eye I was a fat teenager, with my self-esteem shattered by my loser appearance and a nice untended kyphosis (I later found out it was something more peculiar called "Scheuermann's Disease") which gave me that hideous world weight posture on the back and a lumbar compensation of a paunch filled with visceral fat from years of instant noodles, chocolate and coke with sugar. From there it was a leap for me to turn self-deprecation into depreciation by the world and society and all that crap that makes a teenager a teenager.

It took years for me to get out of this. And it happened to be a mixture of factors that involved my relationship with my "inner self", my connection to what I had been discovering to be spirituality, my dedication to Yoga and vegetarianism (which had been with me for 8 years). Those were healthy years, not necessarily perfect, because the mind created a behavioral pattern that followed me from then on for the rest of my life: hypochondria. So, as much as I didn't consume things I considered wrong (like meat and sugar) I lived in an eternal feeling of being "dirty, intoxicated", and consequently, I was always generating mini psychosomatic illnesses. It followed some concepts of purification that were linked to all that pseudo-spiritualistic "good vibes" clothing and its supposed illumination through raw, clean, pure, green and happy food. Today I can look at this past and understand that it was not the food, but the whole mindset of the time that allowed me to be in this kind of "egregore" of spiritual and physical cleansing. But all of this has become tiresome and strained over the years. Along with breaking up relationships and extra factors I went back to consuming sugar and not worrying about food. However, at that time I kept up constant research into what made sense to me in terms of biological health and ended up discovering the importance of meat, protein and our connection to "natural" foods, and now, without a spiritual garb, I knew how natural was the life of the hunter-gatherer, the life of eating meat to the bones, organs, entrails, blood, as well as fruits and vegetables that were within our reach in this primitive period of our species. Since then, the organs have remained the same and so has the metabolism. Our bodies have not yet evolved into the industrial age like our minds. Getting enough wheat and sugar will definitely fuck you up. This is no secret to any fad dietary variation.

Source

Since then I've tested countless variants of what I've been learning, ketogenic diet, paleo, low carb, and so on, without ever finding a fixed and safe path that would make me find my ideal weight and maintain it. Countless times I felt fated, but not obese, just fat in a way that makes me uncomfortable looking in the mirror, and the older you get, the more complex the ambition of achieving a goal of correcting your body seems to become. But, as already mentioned here, I am in a new phase of dedication, now with an extra reinforcement, which was to understand new mechanisms that until then I had ignored: anxiety and its control, and consequently the control of binge eating; And also testosterone hormone replacement that has already given me a big motivational and aesthetic difference to see a direction in the midst of so much disbelief. Upon discovering that my testosterone levels were way below expectations, I committed to correcting this and starting the replacement, initially devoting myself to three days of gym/bodybuilding a week, controlling my calorie and carbohydrate intake but without a chaotic paranoia of perfection that a ketogenic-type diet imposes on us. Unlike what I imagined, I haven't lost weight remarkably, but I've gained solid, lean muscle mass, improved my posture, my muscles in general and my self-esteem by observing myself without a shirt in front of the mirror, noticing a construction of a body that should have been mine by right a long time ago, but that, due to countless factors, I only got the necessary knowledge for that now, at 33 years of age.

Source

The journey goes on, maintaining weight and correcting health is not a ready-made formula, it is a constant variant, a particular and complex system, mathematical but very intuitive, and the only rule is to stay alert, updated and lucid. I still eat my chocolates (the drug I don't want to give up), I still drink Coke, but now it's just Coke Zero Sugar. You can't deprive yourself of all the pleasures, no one deserves to miss the pleasures of the palate, but the education and maturation of habits is a routine for life. Thanks for reading, thanks for the vote and see you later.

Thômas H N Blum

PORTUGUÊS

O sobrepeso começou quando meus pais se separaram? Gosto de pensar que sim, pelo menos é uma explicação mais plausível. Eu lembro que de forma meio concomitante minha ansiedade se agravou, por que junto com a ideia de mudar de casa, veio a coisa de dormir sozinho em um quarto só meu (que era um belo dum quarto grande e espaçoso), e dormir sozinho numa nova casa estranha para uma criança não é algo muito fácil. Além de dificuldades na escola, nas relações sociais e toda aquela merda que eu já relatei em posts anteriores. Acho que foi nessa época que de alguma forma eu comecei a compensar toda a ansiedade e mudança de realidade com uma compulsão alimentar. Não só uma compulsão, mas uma fase difícil financeira para mim e minha mãe que resultava em comida barata e de baixa qualidade por semanas e meses, até ela se estabilizar um pouco e poder bancar algumas refeições mais cuidadosas. Ela trabalhava nessa época em uma confeitaria e sempre foi uma exímia confeiteira, talvez ela não achasse justo negar meus desejos compulsivos por doces já que trabalhava com isso o tempo todo e eu pedia que ao menos no fim dos turnos de as vezes 12 horas dela, me trouxesse um doce para suprir minha carência e aflição, e daí tornou-se um hábito diário eu chafurdar nos doces e chocolates, tortas de limão, e todo tipo de bobeira que bombardeia o corpo com glicose e faz seu pâncreas trabalhar como um louco produzindo insulina até a exaustão.

Source

Logo eu era um pré-adolescente acima do peso, com ginecomastia (provavelmente potencializada pela dieta corrompida) e a falta de um bom profissional de saúde que em qualquer uma das minhas rotineiras viroses e gripes (fruto de uma imunidade lixo) observasse que eu estava provavelmente com uma descompensação hormonal e deveria ter corrigido isso enquanto ainda era tempo. E num piscar de olhos eu era um adolescente gordo, com a auto estima esmigalhada pela aparência de fracassado e uma bela cifose não cuidada (mais tarde eu descobri que se tratava de algo mais peculiar chamado "Doença de Scheuermann") o que me dava aquela postura odiosa de peso de mundo nas costas e uma compensação lombar de uma pança repleta de gordura visceral de anos de macarrão instantâneo, chocolate e coca cola com açúcar. Dali foi um pulo para eu transformar a autodepreciação na depreciação pelo mundo e pela sociedade e toda aquela porcaria que faz um adolescente ser um adolescente.

Levou anos para eu sair dessa. E por acaso isso se deu num misto de fatores que envolvia meu relacionamento com o meu "eu interior", minha conexão com o que eu vinha descobrindo ser a espiritualidade, minha dedicação no Yoga e no vegetarianismo (que esteve comigo por 8 anos). Foram anos saudáveis, não necessariamente perfeitos, por que a mente criou um padrão comportamental que me seguiu dali em diante para o resto da vida: a hipocondria. Então, por mais que eu não consumisse coisas que considerava erradas (como carne e açúcar) eu vivia numa eterna sensação de estar "sujo, intoxicado", e consequentemente, vivia gerando mini doenças psicossomáticas. Seguia alguns conceitos de purificação que estavam atrelados a toda aquela roupagem pseudo-espiritualista "good vibes" e sua suposta iluminação através da alimentação crua, limpa, pura, verde e feliz. Hoje consigo observar esse passado e compreender que não era a comida, mas todo o mind-set da época que me permitia estar nessa espécie de "egrégora" da limpeza espiritual e física. Mas tudo isso foi se tornando cansativo e forçado com o passar dos anos. Junto com términos de relacionamentos e fatores extras eu voltei a consumir açúcar e não me preocupar sobremaneira na alimentação. Porém, nessa época mantive a pesquisa constante no que fazia sentido para mim em termos de saúde biológica e acabei descobrindo a importância da carne, da proteína e de nossa ligação com os alimentos "naturais", e agora, sem uma roupagem espiritual, eu sabia que natural era a vida do caçador coletor, a vida de comer carne até os ossos, órgãos, vísceras, sangue, assim como frutas e vegetais que estivessem a nosso alcance nesse período primitivo da nossa espécie. De lá para cá os órgãos continuaram iguais e o metabolismo também. Nosso corpo ainda não evoluiu para a era-industrial como nossa mente. Fartar-se de trigo e açúcar vai definitivamente foder com você. Isso não é segredo para ninguém, para nenhuma variação dietética da moda.

Source

De lá para cá eu testei inúmeras variantes do que vinha aprendendo, dieta cetogênica, paleo, low carb, e assim por diante, sem nunca encontrar um caminho fixo e seguro que me fizesse encontrar meu peso ideal e o mantivesse. Inúmeras vezes me senti fadado a ser gordo, mas não obeso, apenas gordo de forma que me causa desconforto ao se ver no espelho, e quanto mais se envelhece, mais complexo parece que se torna a ambição de alcançar um objetivo de corrigir seu corpo. Mas, como já mencionado aqui, estou numa nova fase de dedicação, agora com um reforço extra, que foi o de compreender novos mecanismos que até então eu ignorava: ansiedade e seu controle, e consequentemente o controle da compulsão alimentar; E também a reposição hormonal de testosterona que já me deu uma grande diferença motivacional e estética para ver um rumo no meio de tanta descrença. Ao descobrir que meus níveis de testosterona estavam muito abaixo do esperado, me comprometi a corrigir isso e iniciar a reposição, me dedicar inicialmente à três dias de academia/musculação por semana, controlar minha ingestão de calorias e carboidratos mas sem uma paranoia caótica da perfeição que uma dieta do tipo cetogênica nos impõe. Diferente do que eu imaginava, não tenho perdido peso de forma notável, mas tenho ganhado massa magra, muscular de forma sólida, melhorado minha postura, meus músculos em geral e minha auto estima ao me observar sem camiseta na frente do espelho, percebendo uma construção de um corpo que deveria ser meu por direito há muito tempo, mas que por inúmeros fatores, só obtive conhecimento necessário para isso agora, aos 33 anos.

Source

A jornada segue, manter o peso e corrigir a saúde não é uma formula pronta, é uma variante constante, um sistema particular e complexo, matemático mas muito intuitivo, e a unica regra é manter-se atento, atualizado e lúcido. Eu ainda como meus chocolates (a droga que eu não quero largar), eu ainda tomo Coca, mas agora é só Coca Zero açúcar. Não dá para se privar de todos os prazeres, ninguém merece perder os prazeres do paladar, mas a educação e maturação dos hábitos é uma rotina para a vida. Obrigado por ler, obrigado pelo voto e até mais.

Thômas H N Blum